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Em Portugal, suicidam-se três pessoas por dia. Vamos falar sobre isso?
Suicidio

O problema é demasiado grave para continuar a ser vivido em silêncio. Ordem dos Psicólogos lança documento com orientações que vão da prevenção ao pós-suicídio

Os números são tão violentos quanto a dor. Todos os dias, há em média três pessoas em Portugal que resolvem por termo à vida. No mundo, o rácio sobe para um suicídio a cada 40 segundos (800 mil/ano). Entre os jovens dos 15-34 anos, essa é mesmo a segunda maior causa de morte. E o número de suicídios tentados é 25 vezes superior ao daqueles com desfecho fatal.

O problema é demasiado grave para continuar a ser vivido em silêncio. E, por isso, a Ordem dos Psicólogos Portugueses resolveu assinalar o Dia Mundial Para a Prevenção do Suicídio, que hoje se assinala, com o lançamento do documento “Vamos Falar sobre o Suicídio”, uma espécie de guia útil com orientações que vão desde a prevenção até às melhores formas de lidar com o pós-suicídio ou tentativa.

“O suicídio e as tentativas de suicídio resultam e são sinais de grande sofrimento emocional e representam um desafio de Saúde Pública em todo o Mundo, com impactos nas pessoas, mas também nas suas famílias, na sua comunidade e na sociedade”, refere a Ordem dos Psicólogos.

“Os motivos que levam alguém a tentar suicidar-sese podem ser muitos e complexos, e afetam pessoas de todas as idades e em qualquer momento do ciclo de vida”, nota a Ordem dos Psicólogos, avançando que entre as principais causas que motivam as pessoas a porem termo à vida estão “problemas de saúde psicológica, nomeadamente depressão, perturbação bipolar ou consumo excessivo de álcool”.

O documento debruça-se ainda sobre os fatores de risco, que aumentam a probabilidade de alguém considerar suicídio, entre os quais as tentativas prévias de suicídio, histórico de problemas de Saúde Psicológica, histórico de abuso físico ou sexual, histórico familiar de problemas de Saúde Psicológica e de suicídio, existência de uma doença grave, incapacitante ou dor crónica, acontecimentos traumáticos recentes na vida pessoal (desde acidentes a divórcios, mortes de pessoas próximas ou perda de emprego), situações de vulnerabilidade como pobreza, desemprego, perdas financeiras, guerras, desastres naturais, discriminação e exclusão social, bullying e ciberbullying, conflitos em torno da identidade sexual, bem como situações de falta de apoio social e sentimentos de solidão.

A estes fatores, a Ordem dos Psicólogos contrapõe outros que podem promover a proteção de pessoas em situação vulnerável, salientando a importância do “acesso a cuidados de Saúde Psicológica”, e uma “rede de apoio social e conexões fortes com familiares, amigos e restante comunidade”. “As relações que estabelecemos com os outros podem ajudar-nos a viver mais e mais felizes”, acrescenta.

O documento que será lançado hoje engloba ainda uma secção dedicada a desmontar, com factos, alguns mitos em torno do suicídio e deixa dicas úteis sobre como agir em diversas situações relacionadas com vivências suicidárias, próprias ou de terceiros, bem como sinais de alerta para identificar situações de emergência.

A Ordem dos Psicólogos sublinha ainda a recomendação mais importante nestas situações: “Procurar ajuda”. Seja de um familiar, de um amigo, de um psicólogo, ou, em caso de emergência, recorrendo às linhas telefónicas 112 (INEM) ou 808 24 24 24 (acompanhamento psicológico da Linha SNS24).

rui.frias@dn.pt

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